Natureza e origem do Ofício Divino
- Oblato Beneditino
- 12 de jul. de 2017
- 3 min de leitura
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PAX
O Ofício Divino é a mais perfeita oração da Igreja, por isso acompanha o mistério litúrgico de cada dia, sendo uma continuação da Santa Missa ao longo do dia. Também por isso é obrigatório aos sacerdotes e diáconos que o rezem com diligência. Mas o que é, exatamente? De onde veio? Para que serve? Quem pode rezar? Quais são as diferentes modalidades do Ofício? Muitos me perguntam isso quando eu toco no assunto. Portanto farei uma série de pequenos artigos que procurarão responder a estas perguntas. Hoje falaremos sobre sua origem.
A Igreja Católica nasceu entre judeus. Cristo nasceu entre aquele povo, pois a ele foi prometido. E um costume dos judeus desde séculos antes do nascimento do Senhor era o de rezar os salmos. Ora, nós, cristãos, temos tantas orações... os judeus também. Os salmos foram escritos em sua maioria ou totalidade pelo Rei Davi. Mas como nos ensina a doutrina da Igreja, tudo o que está na Bíblia é inspirado por Deus, não obra humana. Por isso, pode-se dizer que o próprio Deus compôs os salmos e que o rei salmista apenas os escreveu em seus rolos.
Se os salmos foram inspirados por Deus e se entre o povo da aliança era costume rezá-los várias vezes ao dia, os cristãos primitivos mantiveram este costume. Fizeram disso uma liturgia, paralela à celebração da Eucaristia, mas sem o poder sacramental desta.
Ao longo dos séculos Deus inspirou alguns homens e mulheres a deixarem o mundo e se recolherem nos desertos ou em grutas para viverem em absoluta solidão com Deus. Não tendo que dispensar seu tempo à sociedade, tinham mais tempo para se dedicar ao louvor divino, e eram capazes de rezar os 150 salmos todos os dias, conforme nos relata São Bento.

À medida em que estes homens e mulheres de Deus se reuniam em comunidades de maior número (não por terem perdido o desejo do abandono em Deus, mas para que pudessem cobrar-se mutuamente a diligência) a necessidade os obrigou a diminuir o volume se salmos recitados, e as regras monásticas primitivas passaram a fazer o mesmo que a Igreja fazia em Roma: distribuir os 150 salmos ao longo de uma semana, distribuídos em cerimônias litúrgicas em horários específicos do dia, horários estes que exprimiam alguma relação com o Mistério da Salvação, a partir de então chamados de Horas Canônicas. São estes: (1) a madrugada, entre as 3h e 5h; (2) o alvorecer, às 6h; (3) o começo da jornada de trabalho do dia, entre 7h e 8h; (4) a hora em que Cristo começou a subir o Calvário, 9h; (5) a hora da crucificação, que coincide também com a hora na qual o Espírito Santo desceu em Pentecostes, ao meio-dia; (6) o momento em que o Senhor morreu, às 15h; (7) o ocaso do Sol, às 18h; (8) e por fim depois do término da jornada, algo no começo da noite, de forma que assegure um repouso de oito horas entre esta última oração e a primeira oração do dia seguinte. Assim nascem Matinas (ou Vigílias), Laudes, Prima, Terça, Sexta, Noa (ou Nona), Vésperas e Completas. Cada uma com um espírito e uma estrutura específica.
Assim, espero ter esclarecido as dúvidas de muitos a respeito de tão célebre oração.
Na próxima postagem vou procurar explicar a estrutura e o espírito que cada Hora Canônica expressa. Deus abençoe a todos nós.
UIOGD
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