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O Ofício Divino e as diferentes Horas Canônicas

  • Foto do escritor: Oblato Beneditino
    Oblato Beneditino
  • 19 de jul. de 2017
  • 4 min de leitura

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PAX


Como já explicado nesta postagem, o Ofício Divino é a mais perfeita forma de comunicação com Deus, além de ser uma ação litúrgica e a constante vivência dos Mistérios litúrgicos de cada dia. Ademais, aqui se faz importante ressaltar que eu costumo usar a palavra “mistério” com letra maiúscula por causa da força invisível de nossas orações, dos sacramentos e dos rituais da Igreja, que comunicam a Salvação e o amor de Deus, através de Jesus, mas invisivelmente, de forma que haja um mistério velado.


Pois bem. O Ofício Divino é dividido em várias orações para se rezar em momentos específicos do dia, cada uma com uma estrutura e um espírito. Estas orações, separadas, chamam-se Horas Canônicas. Convém, portanto, discorrer a respeito do Mistério que cada uma comunica e dos convites que Deus nos faz através delas. Antes disso explicaremos o que e como são.


Começamos por ressaltar a diferença e classificação de cada uma. Os Salmos dizem: “sete vezes por dia eu vos louvo”, e também: “no meio da noite eu me levanto para vos louvar”. Assim o Divino Ofício foi dividido em oito horas canônicas: sete tidas teoricamente como diurnas e uma noturna. A noturna são as Matinas, primitivamente chamadas de Vigílias, nome que até hoje é dado nos mosteiros. Dentre as diurnas, duas se destacam: Laudes e Vésperas, que possuem uma estrutura mais complexa. Por isso são chamadas de Horas Maiores. Por último temos as Horas Menores, que são mais simples e curtas: Prima, Terça, Sexta, Noa e Completas, a última sendo rezada depois de escurecer, mas que por dialogar com a jornada de trabalho do dia é tida como diurna. Vamos destrinchar o espírito de cada uma nas próximas postagens, esta sendo apenas para diferenciar por cima as orações.


O dia litúrgico começa antes mesmo do nascer do Sol. Na verdade, por costume judaico, começa no ocaso do Sol. Hoje, para o homem moderno, é difícil compreender que a sequência das horas do dia não passa de um acordo social, e que em tempos remotos houve povos que consideravam que o dia começava no pôr-do-Sol, e ainda uns poucos que o consideravam ao alvorecer. As Horas Canônicas se desenrolam de acordo com a contagem judaica do tempo. O sábado, dia sagrado, começava no entardecer da sexta-feira e ia até o entardecer do dia seguinte. Por este motivo, logo no Gênesis, na narrativa da Criação, conta-se que “veio uma tarde e uma manhã”. A tarde não era posterior à manhã, mas a precedia. “Tarde”, aqui, significando entardecer e escurecer. A Vigília Pascal é celebrada na noite do sábado da Semana Santa, e não apenas na manhã de domingo, pelo mesmo motivo. A antífona inclusive diz “vespere autem sabati”, que significa: “no entardecer de sábado” ressuscitou o Senhor. Logo, o entardecer de sábado já é domingo, liturgicamente falando. E ainda mais um exemplo: os domingos e as grandes festas da Igreja começam a ser celebradas no entardecer do dia anterior. Há, para eles, Primeiras Vésperas e Segundas Vésperas.


Portanto, a primeira Hora Canônica são as Vésperas. Seguem-na as Vigílias (ou Matinas). O cristão deve sempre vigiar e orar para não cair em tentação. Ademais, no Pai-Nosso pedimos que venha o Reino de Deus. As Vigílias são a expressão litúrgica desta espera pela Segunda Vinda, assim como, pela extensão das orações e pelo denso número de salmos, expressa a vigília na oração. Seguem-se as Laudes, às seis horas da manhã. Se o dia para os judeus era dividido primeiro em tarde (noite) e depois em dia, as horas diurnas começavam com o alvorecer, às 6h. Portanto, esta é a “zero-hora” do judeu e também da vida litúrgica. Na sequência vem a Prima, cujo nome significa literalmente “primeira”. É a oração que se faz assim que se transcorreu a primeira hora do dia. Se 6h eram a “zero-hora”, 7h são a primeira hora. Portanto, é por volta deste momento que se desenrola a Prima. Duas horas depois celebra-se a Terça (ou Tércia), que literalmente significa “terceira”. Partindo da mesma lógica de sequência do tempo, esta é a terceira hora do dia, que para nós se dá às 9h da manhã. Logo vem a Sexta, que na nossa contagem é o meio-dia. Assim, três horas depois, a Noa, também chamada de Nona. Nona hora de Sol, que nós chamamos de 15h. Então, ao entardecer, por volta das nossas 18h, as Vésperas novamente. E agora apresento o que não foi apresentado antes para não perder o espírito sequencial das horas judaicas, que são as Completas. Elas se dão imediatamente antes do sono noturno, o que completa - como o nome diz - o dia de trabalho. Não há uma hora específica, apesar de que nos mosteiros se dava entre as 19h e 21h, para assegurar oito horas de repouso completo entre as Completas e as Vigílias noturnas, que podiam ser celebradas entre as 3h e as 5h.


Depois desta densa aula de costumes judaicos que se converteram na oração da Igreja eu deixo a promessa de três postagens: uma sobre as Vigílias, uma sobre as Horas Maiores e outra sobre as Horas Menores, explicando a estrutura e espírito de cada uma.


UIOGD

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Criado em 11/07/2017. Direitos de reprodução reservados.

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