Horas Menores: Terça, Sexta e Noa
- Oblato Beneditino
- 10 de set. de 2017
- 2 min de leitura
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PAX
No Ofício Divino efetua-se a santificação do homem e presta-se culto a Deus, de tal maneira que nele se estabelece uma espécie de diálogo entre Deus e os homens, pelo qual Ele mesmo fala a seu povo pelos textos sagrados e este responde a Deus com cantos e orações. Mas a santificação não é algo pontual, que se dá em um determinado momento do dia. Ela é constante. Portanto, para que nos lembremos de que nossos olhos devem estar constantemente voltados a Cristo, e para seguir o mandado divino do "orai sem cessar" (1Ts 5, 17) e o "dar-se frequentemente à oração" de São Bento (RB 4, 56)¹, a Igreja nos dá as três Horas Menores, que têm um intervalo de apenas três horas entre si, para que com bastante frequência elevemos a Deus o nosso espírito.

Cada uma dessas Horas corresponde a um momento específico da Salvação. A Terça (cerca de 9h da manhã) é rezada no mesmo momento em que o Espírito Santo desceu dos Céus no dia de Pentecostes. A Sexta (meio-dia), que marca precisamente a metade da jornada de trabalho, é a hora na qual Nosso Senhor foi pregado à Cruz. A piedade cristã também traz que este é o horário no qual Nosso Senhor ascendeu aos Céus. Por último reza-se a Noa (ou Nona, às 15h), e todos sabemos que foi neste momento do dia que o Senhor deu seu último suspiro no madeiro sagrado.
A Regra de São Bento, no capítulo 18, ordena que no domingo e na segunda-feira reze-se o Salmo 118, que por sua extensão é dividido em várias partes. Durante os outros dias da semana repetir-se-ão os mesmos salmos, os chamados Salmos Graduais, do 119 ao 127 (estes são apenas nove salmos, mas os graduais contam com quinze, até o 133). Eles eram muito conhecidos pelo povo da Antiga Aliança por serem cantados enquanto se montavam as tendas em Jerusalém, na peregrinação que se dava todos os anos. São salmos riquíssimos de significado, que trazem mensagens que a Mãe Igreja deseja que todo cristão sempre tenha vivas em mente.
Pode, para muitos, parecer que as Horas Menores são, de fato, menores e menos dignas que as outras horas canônicas. Atrevo-me a dizer que não é assim. Ora, já é louvável que nos dirijamos a Deus no início e ao fim de todos os dias, mas elevarmos nossos corações várias vezes ao longo da jornada é o que falta para fazer-nos santos. Não nos reduzamos a um minimalismo de pensar que duas vezes ao dia bastam, mas que o louvor seja constante. E que, mesmo assim, durante as três horas de intervalo entre um ofício e outro, nossos espíritos estejam sempre lembrados de Deus e suas maravilhas.
UIOGD
¹ RB é a abreviação usual de "Regra de São Bento". Vem do latim Regula Benedicti.
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